Este ano perdi meu grande amigo, meu primogênito, meu
primeiro sonho de mãe. Perdi meu confidente, meu artista, meu talentoso pianista.
Perdi quem ouvia pacientemente meus lamentos e quem me acalentava quando eu
chorava. Por causa dele me interessava
por campeonatos de xadrez, jogos de futebol, concertos de piano e partituras.
Este ano perdi grande parte de minha razão de viver e me
revoltei. Pedia mais... Mais progresso, mais vitórias, mais alegrias. Perdi
tudo... Perdi você e ganhei tristeza e
derrota.
Sempre me considerei do bem e por isso mesmo de início
não queria acreditar. Acho que não merecia. Muito menos você que sempre foi tão
bom e doce. Me senti duramente traída e
injustiçada. Me revoltei....
Questionei valores... Chorei rios de lágrimas... Vi a
dureza da vida como jamais havia visto. Passei a rever conceitos a pensar que
nada valia nada. Tentei obter uma resposta, um por quê. Não obtive resposta
pensando nos fatos. Perguntei a Deus no
íntimo do meu ser. Passei um “carão” nele. Afinal onde Ele estava na hora que meu
amado filho se foi e nos deixou aqui desesperados e sem ação.
Me perguntei diversas vezes sobre a existência de Deus.
Tive dúvidas. Tive muita pena do meu filho, do meus esposo, dos meus outros
filhos e também tive pena de mim mesma, por estar tão perdida e tão sem norte.
Procurei a resposta às minhas perguntas lendo a bíblia. Comecei
a ler a bíblia diariamente e na sequência, desde o antigo testamento, coisa que
jamais havia feito.
Li uma reportagem em que
Albert Einstein criticava a bíblia por considerar as histórias ali
relatadas ingênuas. Mas mesmo sendo considerado gênio, nem tudo que ele diz
pode ser considerada verdade absoluta. Ele descobriu leis fundamentais da
física mas como qualquer um de nós foi humano e, portanto, longe da perfeição.
Stephen William Hawking, é um físico teórico e cosmólogo
britânico e um dos mais consagrados cientistas da atualidade. Em recente documentário sobre a origem do
universo e a existência de Deus ele afirma que não necessariamente existe um
Deus que criou o universo e que o universo pode ter surgido do nada.
Ele contesta assim que alguém ou algo iniciou tudo o que
existe e que está portanto no comando. Assim como o universo é infinito e inexplicável
para nós simples mortais, não acho que qualquer ser humano, por mais iluminado
que possa parecer, tenha explicação para tudo.
Além disso, viver sem
acreditar em Deus, principalmente após experimentar o que experimentamos, torna
a vida bem mais difícil pois perde-se o principal argumento para viver.
Tolhe-se a esperança de uma vida e um encontro futuro. Mesmo assim existem
pessoas que vivem assim, sem acreditar em um ser superior que tudo comanda e
nos ama infinitamente.
Tentando provar por
contradição, que é como se constroem os teoremas, vamos supor então que seja
verdade, isto é, que estamos largados à própria sorte e que não existe nada nem
ninguém no comando, ninguém vai nos cobrar nada, nem nos olha. Então temos um
incentivo para não obedecer regras, nem ajudar ninguém o que tornaria o mundo
ainda mais difícil de conviver e sem sentido.
Mesmo assim, se Deus não
existisse, se morremos e fim de linha, então somos nada, somos ninguém e tudo
que existe e toda beleza da natureza seria fruto de uma coincidência celular e
tudo que acontece é por acaso inclusive nós próprios.
Se somos apenas o resultado
de uma enorme coincidência, assim como qualquer ser vivo, somos ninguém. Ainda
assim, insistimos em amar, esse sentimento que surge do nada e que é
inexplicável e que nenhum outro ser vivo consegue sentir. Oppaa!!! Eis uma
contradição! Não somos como qualquer outro ser vivo, somos diferentes porque
amamos. Por amor somos capazes de dar a própria vida. Nenhum outro ser vivo faz
isso!
Mas será que estamos mesmo
sozinhos? Nascemos, vivemos e só como
qualquer planta ou animal? Bem já provamos que não somos como qualquer planta e
animal porque o amor nos diferencia dos demais. Isso provavelmente nos assemelha a um ser mais
complexo e superior.
Mas se não é possível
comproivar com a nossa parca inteligência que Deus existe, fica impossível provar
que Ele não existe.
Ademais será que tantas
mentes que se dedicaram durante toda a vida e ao longo de séculos e séculos são
uns desvairados? Homens e mulheres considerados cultos estudaram e estudam e
acreditaram e acreditam na existência de Deus no comando e na sua presença em
seus caminhos.Então porque não acreditar?
Hoje
se comemora o dia da vinda do filho de Deus. Ele nos trouxe esse alento, fez
milagres e ainda faz, quando assim Deus permite. Não precisa de maior prova do
que isso.
O evangelho pode ter sido
escrito em um tempo de tradições e lógicas diferentes da que hoje vivemos mas
seus ensinamentos são validos para qualquer época e nos restauram e dão alento.
Jesus, o filho de Deus, esse
Deus tão duvidado e questionado até hoje, é na verdade nosso maior consolo. Ele
viveu e veio até nós “do nada” como diria Hawking. Mas nada pode ser tudo pois
o Universo existe. E Deus é maior do que a nossa frágil compreensão.
O filho do próprio Deus é o
nosso presente e esperança. Graças a Ele temos razões para viver e temos a quem
agradecer a existência do Universo.
Mas a verdade é que perdi
meu grande amigo este ano. Porém o tempo é só uma convenção e assim como o
espaço é infinito, infinito é meu amor por ele. Prefiro acreditar que meu
grande amigo está feliz na companhia do maior de todos os Amigos.
Eveline Barbosa Silva
Carvalho, mãe do Iel