Nunca pensei que pensar sobre que atitudes
são ou não racionais daria premiação.
Mas foi exatamente o que aconteceu em 2017. O
ganhador do prêmio nobel em economia, Richard Thaler, estudou por anos decisões
que fogem aos padrões.
De acordo com a teoria econômica pessoas
racionalmente objetivam maximizar sua satisfação e querem sempre mais e o
melhor para si.
Esse axioma da teoria econômica é facilmente
violado quando se é mãe: escolhemos sempre e em qualquer situação maximizar a
satisfação de nossos filhos em detrimento da nossa própria e queremos sempre
mais e o melhor para nossos filhos. Ficamos em segundo plano com alegria.
Quer uma prova? Qualquer um de nós, seria
capaz de dar uma perna, um braço,
qualquer outro órgão ou a própria vida por nossos filhos, se houvesse essa
oportunidade de escolha.
De acordo com a definição de racionalidade,
decisões assim são ilógicas e insensatas, porque se afastam da razão, da
racionalidade.
Dan Ariely, outro autor atual de sucesso na
área de comportamento, certamente chamaria atitudes assim de irracionais, a
julgar pelo título de seu famoso livro Previsivelmente irracional.
Mães escolhem, previsivelmente, sempre o
melhor para seus filhos. Mas seria isso irracional?
Definitivamente não! Existe uma lógica por
trás dessas escolhas previsíveis a favor de filhos. É possível que a
justificativa esteja em fatores biológicos ou psicológicos, afinal filhos
vieram de suas mães ou foram escolhidos por elas (no caso de adoção). Não
importa: a preferência das mães (e da maioria dos pais) pelos filhos,
independente, da escolaridade, renda ou qualquer outro fator, é perfeitamente
racional.
Tenho certeza que todas as mães e pais que
lêem esse blog regularmente teriam escolhas assim: contrárias às expectativas
da chamada racionalidade. Alguns filhos também dariam a vida por seus pais.
Isso foi testado em uma pergunta realizada em um questionário de pesquisa a
alunos de uma universidade. Mais de 65% dos alunos responderam ser capazes de
dar a própria vida por seus pais.
Surpreendende? Sim! Irracional? Não! Essa é
uma escolha baseada em valores não captados por modelos matemáticos, mas completamente
racionais.
Sendo assim, não faz sentido cultivar
sentimentos de arrependimento ou culpa. Se o que ocorreu tivesse como ser
evitado, teria sido, dentro da nossa racionalidade.