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domingo, 10 de novembro de 2013

Diálogo entre a razão e a fé



Amigos, fortalecer a fé é o caminho para aceitar e alcançar a paz que é a porta para a felicidade.
Mas ter fé não significa abdicar da razão. Pelo contrário, fé e razão podem ser aliados como afirmava o filósofo e teólogo Tomás de Aquino.  
Sou professora de Economia e peço permissão para, com base na razão, mostrar o caminho da fé, utilizando como argumento uma das áreas de maior desenvolvimento em microeconomia na atualidade que é a teoria dos jogos.
Teoria dos Jogos é na verdade um ramo da matemática aplicada e que estuda situações estratégicas onde jogadores escolhem diferentes ações na tentativa de melhorar seu resultado ou “ganho”.
A primeira publicação formal  de teoria dos jogos data de 1838, em Researches into the Mathematical Principles of the Theory of Wealth, do filósofo e matemático Francês, Antoine Augustin Cournot . Contudo, o matemático Norte Americano, John Von Neumann, é considerado o fundador da teoria dos jogos. Em 1944 ele lançou The Theory of Games and Economic Behavior em a co-autoria com o economista austríaco Oskar Morgensten.
A teoria dos jogos parte do pressuposto de que as pessoas agem racionalmente e assim buscam estratégias de decisão em que o resultado depende não só da estratégia própria mas também das estratégias de outros agentes envolvidos em um jogo.
Um jogo consiste de jogadores, estratégias disponíveis para estes jogadores e uma recompensa ou pagamento para cada combinação de estratégia.
Um dos jogos mais famosos é o “dilema do prisioneiro” que  foi  apresentado pelo matemático Albert Tucker em 1953 e que tem muitas implicações no estudo da cooperação e da não cooperação.
A situação é a seguinte: dois indivíduos são suspeitos de terem cometido um crime.
O delegado diz, a cada um separadamente: Se você  não confessar e o outro também não confessar, não podemos fazer nada pois não temos provas contra vocês e após dois dias os dois serão liberados. Mas se você não confessar e o outro  confessar, ele ficará livre por colaborar  com a polícia e você ficará 20 anos preso.  Já se você confessar e o outro não confessar, você ficará livre da prisão já o seu comparsa  ficará 20 anos na prisão.  Se tanto você como o outro suspeito confessarem, ambos ficarão presos por dois anos.
Confessar significa, não cooperar com o parceiro e não confessar significa cooperar.


O outro coopera com você  
O outro não coopera com você

Você
Coopera com o outro  
2 dias, 2 dias
20 anos, 0
Você
Não Coopera com o outro suspeito
0, 20 anos
2 anos, 2 anos

O que você faria diante desses resultados. Você cooperaria ou não? Veja que cooperar com o suspeito é um risco. Imagina se ele resolve não cooperar e confessa tudo? Você ficará preso(a) 20 anos!
Para decidir você deve pensar se é melhor ter as opções: 2 dias preso ou 20 anos preso que são os resultados que podem acontecer caso você coopere com o outro suspeito ou ficar livre ou  2 anos preso que são os resultados possíveis caso você não coopere com o outro suspeito e confesse o que sabe.
Racionalmente é bem melhor ficar livre ou 2 anos preso. Portanto a sua melhor estratégia deve ser não cooperar.


Veja que não cooperar é a estratégia dominante do jogo, independentemente do que seu oponente decidir essa é a melhor estratégia para qualquer um dos dois jogadores. De fato, se você é o jogador azul e o jogador vermelho cooperar , é melhor para você , o jogador azul não cooperar já que ficar livre é melhor do que ficar 2 dias em prisão. Se o jogador vermelho não cooperar é melhor para você não cooperar, pois 2 anos na prisão é muito melhor do que 20 anos. O jogador vermelho também vai pensar o mesmo já que para ele também é melhor não cooperar , independentemente do que você decidir.

Se você ainda não assistiu ao filme " Uma Mente Brilhante " , você deve. Trata-se de John Nash (interpretado por Russell Crowe), que ganhou o Prêmio Nobel de Economia por suas contribuições fundamentais à teoria dos jogos e " Equilíbrio de Nash " .

No dilema do prisioneiro acima do resultado : 2 anos , 2 anos é um equilíbrio de Nash e é o resultado do jogo. Olha que isso não é o melhor resultado para ambos os jogadores, mas é possível resultado baseado na expectativa da decisão dos outros jogadores que descreve precisamente uma estratégia como essa.

De fato, se o jogador azul decide cooperar seria melhor para o jogador vermelho não cooperar como ser livre é melhor do que ficar na prisão , mesmo que seja apenas por 2 dias e se o jogador vermelho não cooperar seria melhor também para o azul jogador não cooperar pois 2 anos de prisão é muito melhor do que 20 anos.

No entanto, se o jogador azul não cooperar é melhor para o jogador vermelho não cooperar já que 2 anos é melhor do que 20 anos e se os jogador vermelho realmente não cooperar é melhor para o jogador azul não cooperar também.
Portanto, não cooperar é uma estratégia dominante e equilíbrio de Nash já que é a resposta possível de cada jogador baseado na expectativa de decisão do jogador oponente.

 

 Utilizando  esse mesmo princípio, podemos decidir se devemos ou não ter fé em  Deus.  Observe o jogo abaixo:

Existe
Não Existe
Você Acredita
Você vai para o céu
Você terá o consolo em vida
Você Não Acredita
Você vai para o inferno
Nada acontece

Veja que se você acreditar em Deus e cultivar a fé, um desses dois resultados você obterá:
         se Deus de fato existe você irá para o céu quando for chamado deste mundo e lá se encontrará com seu amado filho;
         caso Deus não exista, mesmo assim acreditar e ter fé é uma opção racional pois como resultado você terá o consolo em vida nos momentos difíceis;
Mas se você não acredita e Deus realmente existe você está condenado a ir para o inferno e se não existe nada acontece.
Qual deve ser sua estratégia? Veja que acreditar é uma estratégia racional já que os resultados: ir para o céu ou ter consolo são preferíveis aos resultados obtidos caso você não acredite. De fato, acreditar é estratégia dominante. Portanto é racional ter fé! Por mais paradoxal que pareça.
Portanto, vamos nos preparar, fortalecer nossa fé e acreditar que os nossos amados estão bem. Um dia nos reencontraremos!

Para aqueles que tem fé, nenhuma explicação é necessária. Para aqueles sem fé, nenhuma explicação é possível."
São Tomás de Aquino


Eveline Barbosa Silva Carvalho, mãe doIel (no céu), Breno e Jéssica
Ph.D. em Economia Aplicada e professora de microeconomia